terça-feira, 13 de setembro de 2011

Derrubando os preconceitos da castração

Até quando os seres humanos - homens, principalmente - vão achar que a castração é um absurdo, uma crueldade para se fazer com os bichinhos? Até quando vão pensar que a castração fere a "masculinidade" do cachorro e gato? Ou que tira o direito da cadela ou gata ser mamãe? Isso não tem sentido. Sabemos que a castração é muito importante para reduzir o número de animais nas ruas, evitar doenças no aparelho reprodutor, tornar os animais mais dóceis e sociáveis e impedir fugas potencialmente perigosas, que poderiam acabar em atropelamentos, envenenamentos, espancamentos e etc. Agora vamos desmascarar alguns mitos?

Salve vidas. Castre.

  • A castração tira a masculinidade do macho

Ultimamente tenho ouvido muitas pessoas criticando a castração, alegando que se os protetores dos animais castram bichos são seus inimigos, não seus amigos e blá blá blá porque tira a masculinidade blá blá blá blá blá "se fosse você no lugar do bicho, gostaria de ser castrado(a)?" e blá blá blá. VAMOS USAR O BOM SENSO, GENTE! Quantas vezes eu vou ter que repetir que os animais não acasalam por prazer, e sim por instinto, por necessidade de perpetuar sua espécie (que não precisa aumentar ainda mais, se analisarmos a quantidade de animais nas ruas)!! Quando eles veem uma fêmea, não ficam babando e pensando "ah, essa eu pego". Se retirarmos esse instinto de reprodução, eles não ficarão afetados ou magoados. Entendam: não vão virar gays!

  • Se o cão de guarda for castrado, não tomará mais conta da casa

Cães de guarda têm o instinto de guardar nas suas linhagens. A castração retira os testículos, não o cérebro! Um cachorro pode ser castrado com cinco meses, mas quando amadurecer vai desenvolver o instinto do mesmo jeito que se não fosse castrado. Castração não deixa o cachorro/gato bobo!!

  • O animal não poderá mais "curtir o melhor da vida"

Já perdi a conta de quantas vezes já ouvi essa frase... O acasalamento dos animais não é nada legal para eles, principalmente o dos gatos. Ok, vou ser obrigada a explicar como funciona. Os machos brigam entre si para conseguir cruzar com uma fêmea, o que pode machucá-los seriamente, além de colocá-los no risco de contraírem alguma doença transmissível - sem vacina e incurável. Além do mais, o acasalamento dos gatos é algo escabroso. O gato precisa imobilizar a fêmea para copular e, detalhe: seu pênis contém esporões que arranham a parede da vagina da fêmea, para estimular sua ovulação (ela só libera os óvulos quando já copulou). No caso dos cães, o acasalamento também é desagradável, pois a fêmea sente dor durante o nó sexual - inclusive, se ela tentar se soltar violentamente, o macho corre o risco de quebrar o osso peniano.  por que vocês me fazem escrever isso? Acham isso prazeroso agora, hein? Deve ser uma tortura, isso sim. Castrando seu pet, você está fazendo um favor para ele.


  • A fêmea precisa ser mãe

Novamente: as cadelas e gatas não decidem se vão ter filhotes ou não. É o instinto que as comanda. Se elas realmente tivessem o desejo de ser mães, estariam receptivas para o acasalamento durante o ano inteiro, e escolheriam quando gostariam de ter filhos, como nas mulheres humanas. Fêmeas só acasalam durante o cio, e, quando dão à luz aos filhotes, cuidam deles por alguns meses, somente. 
Eu posso comprovar que as fêmeas não têm noção que são mães de seus filhotes depois de adultos: a minha gata, Cookie, antes de ser castrada, teve uma ninhada de seis gatinhos. Eu doei três bebês e os outros três ficaram comigo. Agora eles já são adultos e a Cookie trata eles como trata qualquer outro gato, sem demonstrar nenhum "comportamento de mãe".
Então, como eu disse antes: animais só acasalam porque são movidos pelo seu instinto. As fêmeas sofrem durante a gestação e lactação, pobrezinhas. Carregam um peso em suas barrigas por dois meses, sofrem com o parto e perdem peso. Imaginem isso sem intervalos? Pra quem não sabe, aproximadamente 30 dias depois do nascimento dos filhotes (dependendo da gata), elas já entram no cio. E começa todo o sofrimento de novo.


  • Os animais sofrem com a cirurgia

Não é verdade. Claro que, como em qualquer cirurgia, eles ficam incomodados e estressados porque estão em um ambiente diferente do que estão acostumados. A castração é feita sob anestesia geral, e depois da operação são ministrados medicamentos contra a dor, via intravenosa. Em machos a recuperação é muito rápida - já podem ir para casa um dia depois da cirurgia, sem precisar retornar para retirar pontos. Em fêmeas, o processo necessita de um pouco mais de atenção. Elas podem voltar para casa também após um ou dois dias, mas precisam de monitoramento constante durante uma semana, para os pontos não estourarem. Depois de uma semana, já podem voltar ao veterinário para a retirada destes.
Lembrando que é infinitamente melhor o bichinho sofrer só um pouco e uma vez na vida durante a castração, do que em vários momentos da vida, sentindo dores do parto, sendo atropelado em uma das fugas atrás de fêmeas no cio, brigando com outros machos, contraindo doenças incuráveis de outros animais, sendo envenenado e etc.

  • O macho fica obeso

Não fica obeso. A verdade é que, com a retirada dos testículos, o metabolismo desacelera, fazendo ele ganhar um pouco de peso. Nada que uma alimentação balanceada e exercícios leves não resolvam.


Viram que a castração não tem contra-indicação? Meu cachorro e meus cinco gatos (três machos e duas fêmeas) são castrados e levam uma vida perfeitamente normal, obrigada. Não são bobos, não são gordos, não são gays e nem frustrados por não poderem mais acasalar! São bem mais felizes do que qualquer bicho inteiro (não castrado) que sofre as consequências da não castração. Correm, brincam, pedem carinho e são muito alegres! 

Leia também: Quem ama, castra!